sexta-feira, 18 de junho de 2010

Querêncio Ortalhame


Acordei, mas não abri os olhos. Queria acreditar que os acontecimentos do dia anterior haviam sido apenas um terrível sonho. Logo perdi as esperanças, quando senti o cheiro de um cadáver semidecomposto ao meu lado. Eu realmente estava no cativeiro onde fui posto no dia anterior. Não sei bem como eu cheguei lá, nem mesmo onde era lá. Só sabia que estava com muita fome e uma incessante vontade de flatular.

Tentei abri os olhos, mas uma fortíssima conjuntivite bacteriana impediu-me de fazê-lo. O que sucedeu-se foi apenas uma curta frase no silêncio de minha solidão:

– Riariariariaria aloco, conjuntivite, mano.

Em outro lugar da cidade, em um lugar onde a riqueza e a prosperidade imperavam, meu pai, aflito, procurava por seu caderno de telefones.

Ele abriu a gaveta de sua mesinha de cabeceira com força, e de lá retirou um pequeno e desgastado caderno. A capa de couro marrom evidenciava a sua avançada idade, tendo em vista todos os arranhões e o pequeno rasgo no canto superior direito. Meu pai abriu o caderno com impaciência na letra ‘F’, e foi folheando-o até que chegasse à letra ‘Q’. Ele pegou o telefone e, apressadamente, digitou o único número que se via na página. O telefone tocou uma, duas, três vezes. Uma voz rouca e feminina arranhou um “alô” quase moribundo do outro lado da linha. Meu pai respondeu-o sem nem fazer uso das normas da etiqueta, dadas as circunstâncias. Minutos depois, ele desligava o telefone e já discava outro número, mas que, dessa vez, já ocorria-lhe de memória.

Enquanto o teleone chamava, meu pai pensava no plano que havia bolado juntamente com Querêncio Ortalhame, interlocutor da ligação anterior. Era simples e, afinal, perder mais que o vinte e cinco milhões de unidades monetárias do país local exigidos pelo meu resgate seria impossível. Caixa de mensagens. Querêncio Ortalhame era um ex-policial. Ele foi afastado da polícia após reagir a um assalto e, acidentalmente, matar uma criança de apenas seis meses. Ele rediscou o número e uma segunda voz feminina, dessa vez muito mais delicada (apesar de ainda poder ser comparada a uma chuva de rinocerontes com dor na juntas) atendeu:

– Alô?

– Dona Carmen?

É eu – respondeu a “moça” desconfiada.

– Aqui quem fala é Triptilocasio Jofreciêncio, que mora aqui no número 56 da Rua do Limoeiro, lembra-se?

– Mas como poderia me esquecer do meu melhor criente? – Ela perguntou. – Vai querer bagulho de quanto hoje? Tem de 5, tem de 10 e tem hidropônico. Qual vai ser?

– Não, Dona Carmen, hoje quero só um Estadão. Na realidade, gostaria de saber apenas quanto custa o menor espaço possível no obituário do Estadão.

– Ah... – Estranhou a “mulher” – esse daí tá vinte e cinco milhões de unidades monetárias do país loca. Mais impostos.

– Impostos?! – Pensou o Sr. Triptilocasio Jofrenciêncio – Muito obrigado, Carmen. Beijo-tchau! – Ele agradeceu.

Decidiu então que, já que não sairía mais barato o pagamento de um obituário, ele colocaria em prática seu plano.

Uma hora depois, lá estava ele, juntamente com Querêncio Ortalhame, à espreita à porta de um Itaú Personalitè, observando o descarregamento do carro-forte. Quando surgiu a primeira oportunidade de entrar no carro, os dois o fizeram. Trancaram as portas blindadas, deram a partida, e fugiram. Ao sair da garagem do banco, o telefone de meu pai tocou. Era um número desconhecido. Ao atender, constatou que a voz era a do sequestrador, que havia falado com ele horas antes. Ele exigia os vinte e cinco milhões de unidades monetárias do país local, e disse que se não as possuísse até as 18h, mandaria, embrulhado em um papel de presente de coraçõezinhos roxos sobre um fundo amarelo, os meus testículos. Tudo bem, ainda eram 17h, e não levaria muito tempo. Meu pai se manteve na linha o maior tempo que pôde, para que seu programa identificador de chamadas pudesse rastrear, por GPS, de onde vinha a ligação. Ela vinha do alto de uma favela não muito longe dali.

Em trinta minutos, lá estavam os dois, na porta do barraco o qual o GPS indicava. Com um chute na maçaneta, derrubou a porta de compensado e olhou para dentro do barraco. Os dois sequestradores encontravam-se atônitos, sentados à mesa do chá da tarde. O líder levantou-se e disse:

– Desculpe-me senhor, mas apenas entregarei seu filho mediante o pagamento de vinte e cinco milhões de unidades monetárias do país local.

Sem responder nada, meu pai empunhou sua espada e, com um único e certeiro golpe, decapitou ambos os bandidos.

Ao chegar nos fundos do barraco, abriu uma porta de madeira que continha uma meia-lua entalhada na parte superior. Lá dentro, me viu. Em um primeiro momento, tanta luz me cegou. Passados alguns minutos eu já estava com a visão perfeita. FIquei aliviado ao constatar que o cheiro de defunto era, na realidade, apenas um generoso pedaço de fezes, grande e roliço, a poucos metros de mim.

Ao chegar em casa, decidimos presentear, com vinte e cinco milhões de unidades monetárias do país local, Querêncio Ortalhame, que apesar de não ter feito nada, era amigo da família há décadas, estava com a casa hipotecada e tinha dezesseis filhos para criar (seriam dezessete, se anos antes ele não houvesse acidentalmente matado o caçula, quando tentara reagir a um assalto).

Depois do descrito, nossa família, farta da violência da cidade, mudou-se para uma outra, onde a incidência de corintianos era muito menor.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dioptro


Era noite. O vento soprava frio e ininterrupto. Uma enorme e cheia Lua pendia por sobre o negro manto da noite. Sentado à mesa mais central do Brigandage Restaurant, encontrava-se o Sr. Dioptro Plamn, observando frenética e compulsivamente seu relógio de pulso.

Havia uma semana que o senhor Plamn conhecera uma mulher pela internet, Mere Surnom. Ela era linda, como ele pôde ver nas fotos recebidas por e-mail: Estatura mediana, magra, longos cabelos ruivos, olhos amarelos e um sorriso muito convidativo. Após madrugadas inteiras de conversas online, Dioptro chamou-a para sair, em um jantar romântico, para que pudessem se conhecer melhor. A noite finalmente chegara.

Mere já estava quarenta e sete minutos e meio atrasada quando o garçom trouxe a bebida requerida pelo Sr. Plamn. Ao dar o primeiro gole, sentiu seu corpo todo se aquecer. Não por causa da bebida, mas porque avistou à porta uma bela mulher, em um longo vestido vermelho, que falava com um dos garçons. O garçom fez sinal para que a moça o seguisse e levou-a até a mesa onde estava sentado Dioptro. O homem levantou-se para cumprimentar a convidada com um beijo no rosto, que foi retribuido imediatamente.

Ao sentarem-se, Dioptro pôde observar a mulher com mais atenção. Ela tinha expressôes delicadas e muito simpáticas, além de uma beleza rara e, de certa forma, exótica.

O Jantar foi acompanhado por uma longa e agradável conversa com a moça. Eles falaram sobre tudo: passando por assuntos polêmicos como religião e indo até assuntos menos comuns, como a arte de moldar esculturas de anões com os pés. A noite ia muito bem, e Dioptro sentia que aquela noite ainda prometia muitas outras satisfações.

Terninado o jantar, o Sr. Plamn constatou que o alto preço da conta nao fazia jus à qualidade do restaurante, que apesar de muito agradável não valia as duass mil e quinhetas dilmas cobradas. Levantaram-se e dirigiram-se à porta. O garçom que os havia servido a noite toda tentou impedí-los de sair sem que a conta fosse paga, mas suas intenções foram facilemente fraturadas, juntamente com três costelas e meia dúzia de dentes que acabaram sendo engolidos.

No lado de fora do restaurante, eles dirigiram-se até o caro de Dioptro, um Porsche Carrera GT amarelo-ovo, e juntos rumaram pelas ruas vazias da madrugada até a cobertura em que morava o Sr. Plamn.

Chegando em casa, Dioptro convidou a mulher a entrar e pediu que ficasse á vontade.

Gostaria de uma taça de suco de café? — Perguntou ele.

— Claro, por que não? — Respondeu a mulher simpaticamente.

Após alguns minutos de mais conversa, os dois iniciaram demonstrações fisiológicas e mútuas de afeto. Começaram brandos, e, posteriormente, houve aumento do nível de intimidade dos dois, aumentando, proporcionalmente a intensidade das tais demonstrações. iniciaram, por fim, rituais sócio-biológicos de obtenção de satisfação genital.

Após concluídas todas as atividades da noite, o dois adormeceram, exaustos e tomados por ácido láctico.

O dia amanheceu nublado e muito frio, o que não incentivou Dioptro a levantar-se e ir trabalhar. Após as primeiras taças de suco de café, o casal retomou as atividades parcialmente cefalodesoxicarbonificantes. Ainda no início de tal prática, Dioptro sentiu algo caindo no chão. Ele teria ignorado, se o dito objeto não tivesse tocado seu rosto antes de cair.

Ao olhar para o chão, constatou com pavor que o que caíra havia sido o nariz da moça! Ele olhou rapidamente sem muito pensar se gostaria ou não de ver aquela cena. Mas sua surpresa foi maior quando viu que no lugar onde deveria haver um buraco decorrente da queda do nariz havia, na realidade, outro nariz, muito mais feio e granular.

Ao perceber que não poderia mais esconder a verdade, Mere retirou a peruca, deixando à mostra uma ampla e reluzente calvíce. Antes que Dioptro pudesse reagir, ela continuou a se revelar: tirou a prótese dentária que escondia 4 dentes muito amarelos e outro totalmente preto. Por baixo da pele falsa que ela retirava, havia outra, muito mais branca e manchada que a anterior. Seu susto inicial foi facilmente deposto pelo segundo: ele viu surgir por baixo da máscara facial que a mulher acabava de retirar um semblante muito conhecido: era SUA PRÓPRIA MÃE!

Dioptro cambaleou dois passos e meio para trás e tombou petrificado por sobre o chão de mármore. Sua visão estava escurecendo rapidamente. Taquicardímico, fez um esforço para se levantar, mas não conseguiu nada além de uma disritmia cardíaca. Fechou os olhos e, em um último suspiro, deixou seu corpo.

A seguera do amor


Era uma vez. Ai os sentimentos tavao de brimks na lage ai a alegria disse: “Ae menozada bora bate um piquisconde”. Ai o entusiasmo flw: “Noisx” e a preguisa disse: “aloco feros nem vo to com preguiça flw”.

Entao a galere começou a brincar de boua e o odio perdeu na folinha-de-abacate-ninguem-mim-recombate e tb no zerinhou1. Ai ele ficou boladao e quis arruma treta com os outros sentimentos mas nao conseguiu pq nego num queria treta. Ai o ódil aceito e tava contado de boua de 1 ate 100 ai ele terminou de contar. Quando ele terminou de contar, ele foi procurar. Ele ficou bolado que nao tava achando ninguem e ele continouou procurando. aí ele fico doidao e deu um bico no arbusto. o arbusto disse: “ai porra meu olho seu cusao”. O odio fechou o cú de medo e ficou tenso “caraleo mano o arbusto fala putamerda eu nem to mais nas dorgas”. detraz do arbusto saiu o amor e ele tava cos olho sangrando. Ai o odio pergunto: “Aloc amor q porra é essa ta chorando sangue mano??”.O amor respondel: “po feros chutaram o arbusto aqui mano e os graveto furou meus olho”. Ai o odio ficou com remorso e falo: “To com remorso” e depois de dizer “to com remorso” ele disse: “Amor eu to com remorso e a prtir de agora eu vou cuidar de ti ok”.

Aí eh poriso que o amor e o odio andao juntos por que o odio furou os olho do amor. E é poriso que o amor é sego fim.